SUMMARY
A devoção, assim como a ciência analisada por Latour (1997) em Vida de Laboratório, pode ser lida como um saber e um viver construído, que depende de muitos atores. Em vez de um experimento - tornado objetivo por inscrições produzidas na interação entre cientistas, aparelhos, papéis, bactérias e neurônios - o serviço devocional (bhakti yoga) é, para estes Hare Krishnas, fundamentado na possibilidade de construção de uma experiência possibilitada pela interação de devotos, instrumentos, Deidades, livros e oferendas. A unidade de análise para esta reflexão será o templo Hare Krishna de Curitiba, campo no qual venho desenvolvendo minha pesquisa de doutorado em sociologia. Esta experiência se apresenta como a inserção em redes heterogêneas que promovem as mediações e associações necessárias para produção da presença inerente à experiência do serviço devocional e ao engajamento a ele relacionado. Nessa perspectiva o templo poderia ser visto como um laboratório, no qual se produzem as circunstâncias necessárias para a vivência da emoção devocional.