SUMMARY
As cooperativas têm como objetivo principal atender às necessidades econômicas, sociais e culturais de seus membros. Embora não visem lucro, é necessário que sejam competitivas tendo em vista que concorrem com outras cooperativas e empresas no mercado. Neste sentido, a busca por uma eficiência técnica que confira às cooperativas um melhor posicionamento de mercado contrasta com a dificuldade que essas organizações enfrentam para obter capital externo. Capital este potencialmente capaz de viabilizar maiores investimentos. Existem poucas evidências empíricas, no entanto, que verificaram se (e o quanto que) a restrição financeira pode impactar a eficiência técnica nessas organizações. Os pressupostos teóricos apontam que esta relação pode ser tanto positiva quanto negativa. Assim, este artigo tem como objetivo analisar o impacto da restrição financeira na eficiência técnica das cooperativas agropecuárias brasileiras. Para isso, foram usadas duas métricas para medir a restrição financeira e, posteriormente, estimou-se um painel de dados com 68 cooperativas agrícolas brasileiras para o período 2005-2014. Nossos principais resultados sugerem que não há evidências de que a restrição financeira afeta a eficiência técnica das cooperativas brasileiras. No geral, é possível que este resultado possa ser explicado pelas características atribuídas às cooperativas brasileiras, isto é, o fato de lidarem com diferentes commodities (multi-propósito) e de não apresentarem uma demanda robusta por investimentos (tecnologia). O presente artigo contribui para a literatura tanto ao fornecer novas evidências empíricas a respeito da relação entre eficiência técnica e restrição financeira quanto ao introduzir nova métrica para análise da restrição financeira dentro do contexto de cooperativas.