Matemática das Encruzilhadas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.12957/periferia.2023.72712

Palavras-chave:

Decolonialidade, Diáspora Africana, Formação de Professores, Educação Matemática.

Resumo

Este artigo apresenta um recorte de uma dissertação de mestrado, que teve como objetivo discutir atravessamentos coloniais na formação de professores dos anos iniciais e, então, investigar a produção de saberes de professoras e professores em uma dinâmica decolonial, orientada por um mito iorubá. Fundamentando nosso olhar sobre a formação de professores que ensinam matemática a partir de referenciais decoloniais e afro-diaspóricos, propomos uma Matemática das Encruzilhadas: por um lado, problematizando relações coloniais ainda presentes em nossas práticas; por outro, reconhecendo a matemática como potência, habitando uma encruzilhada que a reivindica como produção de saberes que se realiza no encontro de caminhos, como possibilidades de reinvenção de seres. A produção de dados empíricos foi realizada por meio de uma roda de conversa com professoras que ensinam matemática em uma escola pública no município de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, referenciada em um mito iorubá que provocava atravessamentos com a matemática e suas práticas docentes. Assim, em um primeiro momento, atuamos no tensionamento de relações coloniais na formação de professores de séries iniciais. Na sequência, a partir de um giro epistêmico, tomamos referências afro-diaspóricas como possibilidade de insurgência em atividades formativas com professores, a partir da mitologia iorubá. A categoria Ancestralidade x Modernidade surgiu a partir da insurgência aos apagamentos de saberes afro-diaspóricos desdobrando-se em reflexões teóricas sobre coletividade docente.

Biografia do Autor

Alessandra Bigois, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Matemática (PEMat) na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Brasil. 

Wellerson Quintaneiro, Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ)

Professor do Ensino Básico Técnico e Tecnológico do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ), Campus Nova Iguaçu, Rio de janeiro. Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Matemática (PEMat). Doutor em Educação Matemática pela Universidade Bandeirante de São Paulo (Unian). Mestre em Ensino de Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Referências

GIRALDO, Victor. Formação de professores de matemática: para uma abordagem problematizada. Ciência & Cultura, São Paulo, v.70, 37-42. Jan-Mar/2018. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252018000100012.

LANDER, Edgardo (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Colección Sur, CLACSO, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina. set/2005.

MACHADO, Adilbênia Freire. Ancestralidade e encantamento como inspirações formativas: filosofia africana e práxis de libertação. Revista Páginas de Filosofia, v.6, n.2, p.51-64, jul/dez. 2014.

MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (coords.) El giro decolonial: reflexiones para uma diversidad epistêmica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores/Instituto Pensar, p. 127-167, 2007.

MATOS, Diego. Experiências com matemática(s) na escola e na formação inicial de professores: desvelando tensões em relações de colonialidade. Tese (Doutorado em Ensino e História da Matemática e da Física), Universidade Federal do Rio de Janeiro. Abr/2019.

MATOS, Diego; Giraldo, Victor; QUINTANEIRO, Wellerson. Formação de Professores de Matemática: uma encruzilhada atravessada pela gramática do samba. REVISTA INTERNACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA (RIPEM), v. 11, p. 193-218, 2021.

NOGUERA, Renato; DUARTE, Valter; RIBEIRO, Marcelo dos Santos. Afroperspectividade no ensino de filosofia: possibilidades da Lei 10.639/03 diante do desinteresse e do racismo epistêmico. O que nos faz pensar, [S.l.], v. 28, n. 45, p. 434-451, dec. 2019. ISSN 0104-6675. Disponível em: <http://oquenosfazpensar.fil.puc-rio.br/index.php/oqnfp/article/view/693>.

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos Orixás. 3ª Edição. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Revista Novos Rumos. Ano 17. N°37. p. 4-28. 2002

QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder y clasificación social. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). El giro decolonial. Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Javeriana-Instituto Pensar, Universidad Central-IESCO, Siglo del Hombre Editores, p. 93-126.2007.

RUFINO, Luiz. Exu e a Pedagogia das Encruzilhadas. 231 f. Tese (Doutorado em Educação) UERJ- Faculdade de Educação. Rio de Janeiro, Jun/2017

RUFINO, Luiz. Pedagogia das encruzilhadas. Revista Periferia, v.10, n.1, p.71 - 88, jan/jun 2018. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/periferia/article/view/31504

RUFINO, Luiz. Pedagogia das encruzilhadas Exu como Educação. Revista Exitus, v. 9, p. 262-289, Out/2019. Disponível em: http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-94602019000400262&lng=pt&nrm=iso

SIMAS, Luiz Antonio, RUFINO, Luiz. Fogo no mato: a ciência encantada das macumbas. Rio de Janeiro, Brasil: Mórula. 2018

TARDIF, Maurice. Saberes docentes & Formação profissional. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

WALSH, Catherine. Interculturalidad, plurinacionalidad y decolonialidad: las insurgencias político-epistémicas de refundar el Estado. Tabula Rasa. n. 9, p. 131-152, Jun/2008 Disponível em: http://www.scielo.org.co/pdf/tara/n9/n9a09.pdf

Downloads

Publicado

2023-05-16

Como Citar

Bigois, A., & Quintaneiro, W. (2023). Matemática das Encruzilhadas. Periferia, 15, e72712. https://doi.org/10.12957/periferia.2023.72712

Edição

Seção

Artigos