VÍTIMAS OCULTAS DA PANDEMIA: MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA DURANTE A QUARENTENA DA COVID-19

Autores

  • Rahyan de Carvalho Alves Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES (Professor e pesquisador). Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (Pesquisador).
  • Victória Caroline Vidal Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES (Aluna e Bolsista de IC).
  • Édila Thaís Magalhães Bastos Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES; Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernândez e Núcleo Educacional Pequeno Líder.

Resumo

A pandemia da Corona Vírus Disease 2019 (COVID-19), ocasionada pelo coronavírus (SARS-Cov-2), tem causado transtornos diversos aos países atingidos, desde a ordem epidemiológica, política, social, econômica até a esfera privada, no relacionamento interpessoal, com destaque entre os parceiros íntimos durante a quarentena. Nesse viés, o presente artigo tem por objetivo problematizar a elevação das ocorrências de violência contra a mulher em tempos de quarentena imposta pela pandemia da COVID-19, enfatizar políticas públicas de prevenção, contenção e acolhimento das vítimas nas áreas da saúde, segurança pública e assistência social e, ainda, estabelecer um paralelo com a crítica artística feita pelo filme-teatro A Última Noite. Como procedimento metodológico, realizou-se análise bibliográfica sobre as temáticas: violência de gênero, violência contra a mulher em tempos de Covid-19 e políticas públicas de proteção à mulher em situação de violência; análise de dados publicizados pela Organização Pan-Americana de Saúde da Organização Mundial da Saúde – OPAS/OMS, Organização das Nações Unidas - ONU - MULHERES (2020), Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos – ONDH, do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos – MMFDH (2020) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP (2020). Conclui-se que a ampliação dos meios de efetivação de denúncias promovido pelo MMFDH é um importante passe no combate à violência contra a mulher, no entanto, é necessário que todos os serviços da rede de apoio a mulher em situação de violência sejam realizados de forma ágil e eficaz, de modo a não ficar restrito ao aparato legislativo. Por fim, defende-se o investimento público/privado no meio artístico, uma vez que a arte, enquanto uma forma de protesto, exerce o seu comprometimento com a sociedade ao difundir ideais de igualdade entre os gêneros e demais temas relacionados, assim, une-se à teóricos de diversas áreas sociais e às ações governamentais em prol da diminuição da vitimização da mulher na esfera privada.  

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Biografia do Autor

Rahyan de Carvalho Alves, Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES (Professor e pesquisador). Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (Pesquisador).

Graduado em Licenciatura em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES - Minas Gerais). Especialista em Orientação, Supervisão, Inspeção e Gestão em Administração Escolar pela Faculdade Promove (SOEBRAS). Especialista em Gestão Ambiental e Biodiversidade com Ênfase em Geografia pela Faculdade Promove (SOEBRAS). Mestre e Doutorando em Geografia pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG - com Estágio Docente na instituição). Têm experiências, especialmente, nas áreas: (i) Geografia Escolar - Ensino, Aprendizagem e metodologias socializadoras (com foco para as ativas), com discussões sobre prática de formação; docência; relação professor-aluno; ensino-pesquisa e a importância do Estágio Curricular Supervisionado na contemporaneidade; e (ii) Geografia Cultural - com discussões atreladas a Cidade, Imagem e Patrimônio e as categorias paisagem e lugar, através do exercício da etnogeografia e iconografia, sobre a perspectiva da Percepção Ambiental e da Fenomenologia. Foi diretor-acadêmico, coordenador de pesquisa, professor e editor-chefe da Revista Científica (ISSN: 2236-9465) das Faculdades Prisma. Foi Coordenador-Geral da pasta de Extensão e professor das Faculdades Santo Agostinho. Atualmente é Professor-pesquisador na UNIMONTES, com a disciplina Estágio Curricular Supervisionado em Geografia, exercendo atividades de ensino, pesquisa e extensão na interface teórico-prático, campo escola-comunidade, com experiência em atividades de estágio e programas institucionais para formação de professores. Membro de grupos de ensino, pesquisa e extensão institucionais na UFMG (Grupo de Pesquisa TERRA & SOCIEDADE) e na UNIMONTES (Subcoordenador do projeto de pesquisa Biotemas) envolvendo trabalhos nos sub-ramos da geografia anteriormente mencionados, com apoio da CAPES e FAPEMIG. Editor-Chefe da Revista Cientifica Ciranda do Departamento de Estágios e Práticas Escolares (Unimontes - ISSN: 1982-0097). Participante de atividades do Programa de Estímulo a Mobilidade e ao Aumento da Cooperação Acadêmica da Pós-Graduação em parceria com os Programa de Pós-graduação em Geografia da UFMG, UFS e UFG. Coordenador do projeto de Extensão, na subárea de Geografia, do Núcleo de Atividades para Promoção da Cidadania da Unimontes, onde promove o planejamento, orientação e coordenação da articulação dos acadêmicos de Geografia frente a docência em atividade de ensino para alunos da rede pública atendidos pela Universidade. Professor da educação básica de ensino no Colégio Imaculada Conceição (experiência em atividade docente desde 2010 no ensino Fundamental II, Ensino Médio, Pré-vestibular, Pré-concursos e Cursos Técnicos). Pareceristas das Revistas Científicas: Inter-espaço (UFMA - ISSN: 2446-6549); Cerrados (Unimontes - ISSN: 2448-2692); Panorâmica (UFMT - ISSN: 2238-9210), Mais Dados (UFU - ISSN: 23581301) e membro do corpo editorial da Editora Unimontes. Professor-pesquisador com vários artigos publicados em periódicos e anais de eventos; organizador e autor de livros; organizador de eventos acadêmicos de âmbito regional, nacional e internacional, participando de bancas e exercendo orientações de trabalho de conclusão de curso.

Victória Caroline Vidal, Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES (Aluna e Bolsista de IC).

Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES. Bolsista FAPEMIG do Projeto Planejamento Regional e Instrumentos de Gestão Intermunicipal no Norte de Minas Gerais. Participante do Projeto de Extensão NAP - Unimontes.

Édila Thaís Magalhães Bastos, Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES; Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernândez e Núcleo Educacional Pequeno Líder.

Graduada em Artes/Teatro pela Universidade Estadual de Montes Claros (2019). Possui curso Técnico em Canto pelo Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernândez (2016). Integrou como bolsista os Programas de iniciação à docência PIBID (2015-2018) e Residência Pedagógica (2019). Foi professora de artes no Colégio Siga-Sistema de Ensino (2019). Professora de Teatro no Conservatório Estadual de Música Lorenzo Fernândez (2019). Atualmente é professora de Inglês no Núcleo Educacional Pequeno Líder. Produz, atua e dirige espetáculos teatrais desde 2014. Foi membro da Comissão Organizadora da Mostra de Teatro de Montes Claros 

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Publicado

2021-01-07

Como Citar

ALVES, R. de C.; VIDAL, V. C.; BASTOS, Édila T. M. VÍTIMAS OCULTAS DA PANDEMIA: MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA DURANTE A QUARENTENA DA COVID-19. Revista Feminismos, [S. l.], v. 8, n. 3, 2021. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/42857. Acesso em: 5 maio. 2024.

Edição

Seção

Artigos