Proposições curriculares para o ensino graduado de terapia ocupacional a partir do contato com escolas públicas/Curricular propositions for undergraduate teaching of occupational therapy from contact with public schools

Autores

DOI:

https://doi.org/10.47222/2526-3544.rbto50291

Palavras-chave:

Terapia Ocupacional. Educação. Ensino. Currículo. Escola Pública

Resumo

Introdução: A Terapia Ocupacional tem relevante contribuição técnico-profissional voltada para a educação, com destaque para a Educação Especial. Doravante, advogo pela ampliação do escopo de práticas/saberes da profissão em função dos problemas contemporâneos da escola pública, o que exige olhar crítico sobre os currículos dos cursos de graduação. Objetivo: descrever o processo de pesquisa para elaboração de um componente curricular de um curso de Terapia Ocupacional da Região Sul do Brasil, a partir do contato de estudantes com a realidade de duas escolas públicas do município. Método: o paradigma desta pesquisa é o do pesquisador reflexivo, no qual tomo o currículo como objeto de estudo. Guiados pelos princípios da pesquisa participante, os dados empíricos foram levantados por estudantes, por meio da observação direta de intervenções terapêutico-ocupacionais, em duas escolas públicas municipais, uma de Educação Infantil outra de Ensino Fundamental. As idas aos campos aconteceram semanalmente, ao longo de três meses, totalizando 54 horas de imersão. Os achados foram registrados em diários de campo e, posteriormente, analisados com base em estudos socioculturais sobre infância, juventude e escola. Resultados: foram constatadas problemáticas educacionais, relativas ao cuidar adultocêntrico e civilizatório, ao brincar desenvolvimentista e à exclusão no interior das escolas.  Conclusão: proponho a inclusão curricular de teorias que relacionem atividade humana e Educação; teorias do brincar com foco na cultura infantil e na experiência; macro e microanálises disposicionalistas aplicadas à vida escolar; e precarização do trabalho docente, cidadania e educação emancipatória.

Palavras-chave: Terapia Ocupacional. Educação. Ensino. Currículo. Escola Pública

 

Abstract
Introduction: Occupational Therapy has a relevant academic and technical-professional contribution focused on education, with emphasis on Special Education. From this, I advocate the expansion of its scope of practices/knowledge considering contemporary problems in public schools, which requires a critical look at curriculum. Objective: to describe the research process and elaboration of a curricular component of an Occupational Therapy course in the southern region of Brazil based on the contact of students with the reality of public schools. Method: the paradigm of this research is the reflective researcher, so I take curriculum as an object of study. Guided by the principles of participatory research, empirical data were collected by students through direct observation of occupational-therapeutic interventions in two municipal public schools, one for kindergarten and the other for elementary school. The trips to the fields took place weekly, over three months, totaling 54 hours of immersion. The findings were recorded in field diaries and later analyzed based on sociocultural studies on childhood, youth, and school. Results: it was found educational issues related to adult-centric and civilizing care, the play and exclusion within schools. Conclusions: I suggest the curricular relevance of theories associating human activity and Education; theories of play focusing on children's culture and experience; dispositional macro and microanalyses applied to school life; precariousness of teaching work, citizenship, and emancipatory education.

Keywords: Occupational therapy. Education. Teaching. Curriculum. Public Education

 

Resumen

Introducción: La Terapia Ocupacional tiene un aporte técnico-profesional relevante enfocado a la educación, con énfasis en la Educación Especial. Abogo por la ampliación de las prácticas/saberes de la profesión debido a los problemas contemporáneos de la escuela pública, lo que exige una mirada crítica a los currículos de las carreras de grado. Objetivo: describir el proceso de investigación/elaboración de un componente curricular de un curso de Terapia Ocupacional de la región sur de Brasil desde el contacto de los alumnos con la realidad de dos escuelas públicas del municipio. Metodo: el paradigma de esta investigación es el del investigador reflexivo, en el que tomo como objeto de estudio el currículo. Guiados por los principios de la investigación participativa, los datos empíricos fueron recolectados por los estudiantes a través de la observación directa de las intervenciones ocupacional-terapéuticas en dos escuelas públicas municipales, un jardín de infantes y escuela primaria. Los viajes a los campos se realizaron semanalmente, durante tres meses, totalizando 54 horas de inmersión. Los hallazgos fueron registrados en diarios de campo y posteriormente analizados a partir de estudios socioculturales sobre infancia, juventud y escuela. Resultados: Se encontraron problemas educativos relacionados con el cuidado civilizador y centrado en el adulto, el juego y la exclusión dentro de las escuelas. Conclusiones: Sugiero la inclusión curricular de teorías que relacionan actividad humana a la Educación; teorías culturales del juego y experiencia; macro y microanálisis disposicionales aplicados a la vida escolar; precariedad del trabajo docente, ciudadanía y educación emancipatoria.

Palabras clave: Terapia Ocupacional. Educación. Enseñanza. Curriculum. Escuela pública.

 

Biografia do Autor

Diego Eugênio Roquette Godoy Almeida, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas

Professor Adjunto. Universidade Federal de Pelotas, Faculdade de Medicina, Curso de Terapia Ocupacional

Referências

Azanha, J.M.P. (2011). Uma ideia de pesquisa educacional. São Paulo: Editora Universidade de São Paulo Universidade de São Paulo.

Bartalotti, C., & De Carlo, M. (2001). Terapia Ocupacional e os processos educacionais. In M. De Carlo, & C. Bartalotti. (Orgs.), Terapia Ocupacional no Brasil: Fundamentos e perspectivas (pp. 99-116). Plexus.

Benjamin, W. (1984). Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. Summus.

Bourdieu, P., & Champagne, P. (2015). Os excluídos do interior. In Nogueira, M.A.; Catani, A. (Eds.) Escritos De Educação. (16ª ed., pp. 243-255). Vozes.

Bourdieu, P. & Passeron, J.C. (1975). A reprodução (7ª ed.). Vozes.

Bourdieu, P. A Escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura. In Nogueira, M.A.; Catani, A. (Eds.). Escritos De Educação (16ª ed., pp.43 – 72). Vozes.

Brandão, C.R., & Borges, C.M. (2008). A pesquisa participante: um momento da educação popular. Revista De Educação Popular, 6(1). Recuperado de https://seer.ufu.br/index.php/reveducpop/article/view/19988

Brasil. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. (2017). Fundamentos pedagógicos e estrutura geral da BNCC. Brasília, DF.

Cândido, A. (1978). A estrutura da escola. In: PEREIRA, Luiz; FORACCHI, M. M. Educação e sociedade, (p. 107-128). Rio de Janeiro: Nacional.

Carvalho, M M.C. (2016). Quando a história da educação é a história da disciplina e da higienização das pessoas. In: Freitas, M.C. História social da infância no Brasil. (9ªed., pp. 395 – 415). Cortez.

Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Resolução nº 500, de 26 de dezembro de 2018. Reconhece e disciplina a especialidade de Terapia Ocupacional no Contexto Escolar, define as áreas de atuação e as competências do terapeuta ocupacional especialista em Contexto Escolar e dá outras providências. Brasília, DF.: Diário Oficial da União, Poder Executivo.

Coppede, A. C., Oliveira, A. K.C., Rosa, F. D., & Hayashi, M. C. P. I. Produção científica da Terapia Ocupacional na inclusão escolar: interface com a Educação Especial e contribuições para o campo. Revista Educação Especial, 27 (49), 471-483. https://doi.org/10.5902/1984686X8281

Fagundes, T. B. (2016). Os conceitos de professor pesquisador e professor reflexivo: perspectivas do trabalho docente. Revista Brasileira de Educação [online]. 21(65), 281-298. https://doi.org/10.1590/S1413-24782016216516

Freitas, M.C. (2005). Alunos Rústicos, arcaicos e primitivos: o pensamento social no campo da educação. Cortez.

Freitas, M.C. (2006). Economia e educação: a contribuição de Álvaro Vieira Pinto para o estudo histórico da tecnologia. Revista Brasileira de Educação [online], 11(31). https://doi.org/10.1590/S1413-24782006000100007

Freitas, M.C. (2011). O aluno-problema: forma social, ética e inclusão. Cortez, (coleção educação & saúde; v. 1)

Saigh Jurdi, A.P., Brunello, M. I. B., & Honda, M. (2004). Terapia ocupacional e propostas de intervenção na rede pública de ensino. Revista De Terapia Ocupacional Da Universidade De São Paulo, 15(1), 26-32. https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v15i1p26-32

Lahire, Bernard. (2002). Reprodução ou prolongamentos críticos? Educação & Sociedade [online], 23(78). https://doi.org/10.1590/S0101-73302002000200004.

Leontiev, A. N. (1978). O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros Horizonte.

Lopes, R. E., & Silva, C. R. (2007). O campo da educação e demandas para a terapia ocupacional no Brasil. Revista De Terapia Ocupacional Da Universidade De São Paulo, 18(3), 158-164. https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v18i3p158-164

Martins Filho, A. J., & Martins Filho, L. J. (2005). Relações sociais e educação infantil: percursos, conceitos e relações de adultos e crianças. In Reunião da ANPEd, 27, 1-6. http://anoiuped.org.br.

Nóvoa, A. O professor pesquisador e reflexivo. Entrevista concedida em 13 de setembro de 2001. Recuperado em 20 de janeiro de 2022 de http://www.tvebrasil.com.br/salto/entrevistas/antonio_novoa.htm

Pan, L. C., & Lopes, R. E. (2020). Terapia ocupacional social na escola pública: uma análise da produção bibliográfica do METUIA/UFSCar. Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, 28(1), 207-226. http://doi.org/10.4322/2526-8910.ctoao1760

Pereira, B. Terapia Ocupacional e Educação: as proposições de terapeutas ocupacionais na e para a Escola. 2018. [Unpublished doctoral dissertation, Universidade Federal de São Carlos]. https://repositorio.ufscar.br/

Rizzini, I., & Celestino, S. (2016). A cultura da institucionalização e a intensificação das práticas de confinamento de crianças e adolescentes sob a égide da FUNABEM. In Freitas, M. C. (Ed.) História Social da Infância no Brasil. (9ª ed., pp. 229-250). Cortez.

Rocha, E. F. (2018). Terapia Ocupacional e Educação: questões atuais e perspectivas futuras. In Rocha, E.F; Brunello, M.I.B. & Souza, C.C.B.X. (Eds). Escola para todos e as pessoas com deficiência: contribuições da Terapia Ocupacional, (pp. 16-40). Hucidec.

Souto, M.S; Gomes, E.B.N. & Folha, D.R.S. (2018). Campos Educação Especial e Terapia Ocupacional: Análise de Interfaces a Partir da Produção de Conhecimento. Revista Brasileira de Educação Especial [online].24(4), 583-600. https://doi.org/10.1590/S1413-65382418000500008

Vidal, D.G. (2005). Cultura e prática escolares: uma reflexão sobre documentos e arquivos escolares. In Souza, R. F. & Valdemarin, V.T. (Eds.). A cultura escolar em debate: questões conceituais, metodológicas e desafios para a pesquisa. (pp. 3 - 30). Autores Associados.

Viñao Frago, A. (2008). La escuela y la escolaridad como objetos históricos. facetas y problemas de la historia de la educación. História da Educação, 12(25), 9-54. http//fae.ufpel.edu.br/asphe.

Vincent, G., Lahire, B. & Thin, D. (2001). Sobre a história e a teoria da forma escolar. Educação em Revista, 33, 07-47. http://educa.fcc.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982001000100002&lng=pt&tlng=pt

Downloads

Publicado

22-05-2022

Edição

Seção

Artigo Original