MAIRI, TERRA DE MAÍRA: A ANCESTRALIDADE INDÍGENA ECLIPSADA EM BELÉM

Autores

  • Ivânia dos Santos Neves Universidade Federal do Pará

DOI:

https://doi.org/10.61358/policromias.v7i1.52550

Resumo

Michel Foucault se tornou, nestas primeiras décadas do século 21, uma referência
epistemológica fundamental para a análise das produções de subjetividades. Sua obra
fornece uma série de categorias analíticas que permite a problematização do “normal” ea
pluralização da verdade. Neste artigo, adotando a perspectiva arquegenealógica,procurei
identificar alguns acontecimentose as estratégias de governamentalidade relacionados
ao apagamento da ancestralidade indígena na região constituída hoje pelos estados do
Pará, Maranhão e Amapá, antes da invasão europeia denominada de Mairi, território dos
Tupinambá e dos povos Tupi. Para isso, dei continuidade às discussões sobre etniCidades
amazônicas, interessadas em compreender a pluralidade étnica dessas cidades dessa
região e tomei a definição de Dispositivo Colonial, ancorada na proposição de dispositivo
de Michel Foucault, para identificar como as estratégias de poder colonial continuam
presentes na produção de verdades sobre este território e seus povos indígenas. O corpus
de análise compreendeu as práticas cotidianas das vendedoras de ervas da f loresta na
cidade de Belém, os relatos feitos por André Thevet, no século XVI e a narrativa oral
dos Tembé-Tenetehara “Mayra-Íra e Mucura-Íra”, contada por Kuzãí e Beware Tembé
em 2015, durante trabalho de campo realizado na Terra Indígena Alto Rio Guamá, na
região nordeste do estado do Pará.

Biografia do Autor

Ivânia dos Santos Neves, Universidade Federal do Pará

Professora da Faculdade de Letras e do Programa de Pós-graduação em Letras da
Universidade Federal do Pará. Coordenadora do GEDAI/CNPq – Grupo de Estudos
mediações e Discursos com Sociedades Amazônicas. Bolsista de Produtividade do CNPq.
https://orcid.org/0000-0002-6738-5254E-mail: ivanian@uol.com.br

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Publicado

2022-05-18

Edição

Seção

Dossiês