SUMMARY
O presente artigo buscou analisar os argumentos de desigualdade de gênero e sua amplificação na pandemia e, especificamente, refletir sobre o feminicídio e os dispositivos de proteção às mulheres nesse cenário. Trata-se de uma etnografia virtual, marcada pelo debate de gênero no campo da cibercultura e produzida a partir de notícias, reportagens, mensagens compartilhadas em aplicativos móveis e vídeos sobre o caso de feminicídio da Miss Manicoré, no estado do Amazonas. Os dados revelaram que o feminicídio não ocorre como um ato finito, mas pelo contrário, ele se estende no campo virtual. Elementos da vida íntima e cotidiana (autor e vítima) foram facilmente expostos, ainda mais quando se tinham expectadores em casa aguardando para consumir as manchetes de jornais. Esse mesmo conjunto de espetacularizações também se retomou em meio às formas e estratégias de exposição de familiares e pessoas do círculo social da vítima e do autor.