SUMMARY
Militante comunista até meados da década de 1950, Jorge Amado configura sua obra com sopros panfletários. Escritor prolífero, seus escritos vão além dos romances, sendo o baiano um assíduo colaborador em jornais de seu tempo. Entre 1942 e 1945, Amado escreveu a colona “Hora da Guerra”, no jornal O Imparcial, de Salvador. Umas das figuras mais citadas e tratadas pelo autor é Adolf Hitler, sobretudo como metonímia do mal. A figuração demoníaca do líder alemão está articulada, no plano internacional, ao movimento comunista encabeçado por Moscou e, no plano nacional, ao engajamento esquerdista antifascista que enxerga no período da Guerra a oportunidade de virada democrática no Brasil. Em termos literários, a crônica de Amado estabelece uma dicção modernista da linguagem, enquanto ideologicamente pretende convencer pela emoção, ao associar Hitler a uma tríade: ódio-vingança-repúdio, tudo em oposição a uma identidade nacional baseada na miscigenação.