SUMMARY
Este artigo tem como objetivo analisar a crítica escrita pelo musicólogo cubano Alejo Carpentier no final dos anos 1920 referente à obra de Heitor Villa-Lobos. No contexto da busca pela autonomia cultural latino-americana levada a cabo por diversos movimentos de vanguarda, Carpentier considerava a obra do compositor brasileiro uma espécie de metáfora da independência cultural latino-americana em relação ao mundo europeu e estadunidense. Pretende-se apresentar a crítica musicológica de Carpentier em seus critérios de recepção, difusão e interpretação e em contraponto à musicalidade de Villa-Lobos. Na crítica de Carpentier, a música do compositor brasileiro tornou-se expressão artística das tensões, das negociações e dos sutis limites existentes entre as sonoridades musicais que buscam traduzir culturas locais e os estereótipos construídos na conjuntura da modernidade das cidades latino-americanas no início do século XX.