SUMMARY
Este artigo discute o embate político-religioso entre Alfredo Freyre, pai do historiador-sociólogo Gilberto Freyre, e o movimento de Reação Católica em Pernambuco, nas décadas de 1910 e 1920. O professor Alfredo, católico jansênico e maçom, se opôs ao projeto político de implementação do ensino religioso nas escolas, defendido pelos jesuítas, principais artífices do movimento de Reação Católica no Brasil e no Recife. Discutimos alianças entre jansenistas, protestantes e maçons contra a hegemonia política da Igreja Romana no Brasil, considerando a hipótese de que a atuação de Alfredo Freyre representou a luta interna no campo católico entre movimentos e grupos antagônicos, sobretudo, entre jansenistas e jesuítas, tendo a educação como peça chave desta relação de forças. Assim, abordamos a interface política e religião, para demonstrar como a cultura religiosa incide na cultura política, engendrando efeitos decisivos no acontecer social. Este trabalho situa-se no campo da História das Ideias Políticas, considerando a confluência entre o subjetivo, o religioso e o político na produção intelectual e no acontecer social.