SUMMARY
O presente artigo pretende lançar um novo olhar sobre as mediações históricas, figuradas em trajetórias e práticas dispersas no âmbito da política e da cultura, que fomentaram a articulação entre a perspectiva artística utópica do movimento modernista e o projeto político-cultural do regime Vargas. Interessa compreender quais as “afinidades eletivas” que ensejaram o cruzamento ambíguo, mas bem sucedido, entre a utopia artístico-cultural modernista e as aspirações político-intelectuais das facções no comando do Estado naquele período. Desse modo, em um primeiro momento, partimos para a análise do quadro político-cultural dos anos 10 no Brasil e na Europa, mapeando a presença das perspectivas nacionalistas, nativistas e modernistas que vão culminar na formação do movimento modernista brasileiro. Feito isto, nos propomos a entender a particularidade que essa proposta cultural porta ao conceber uma linguagem capaz de conciliar os termos do moderno e do nacional. Em um segundo momento, mostraremos como essa tentativa de conciliação correspondia a uma série de anseios compartilhados por facções intelectuais e políticas do país. Partindo desse cenário, procuramos demonstrar os caminhos pelos quais se forma a articulação entre modernistas e o regime Vargas.